quinta-feira, 17 de outubro de 2024

to the great unknown

 


Eu finalizei a leitura da autobiografia da Lisa no mesmo dia de seu lançamento, incapaz de largar o livro pra fazer qualquer outra coisa (estava de férias).

Muito embora finaliza-lo parecia vivenciar novamente a sua morte, eu não consegui poupar as páginas. E que presente.

Resolvi voltar aqui e escrever algo porque: 1 - não escrevi nada esse ano; 2 - eu acabei de reler a postagem que fiz sobre ela em decorrência da sua passagem pra outro lugar que eu não sei bem onde é.

Declaro que escolhi diversas fotos pra ilustrar essa postagem porque é difícil não querer estampar o mundo com a figura ridícula de tão linda que é essa mulher, então meio que vai ter muita imagem gratuitamente, apenas aceite e aproveite.



Eu sempre tive minhas convicções muito fortes com relação a Lisa. Não sei bem quando eu tomei conhecimento de sua existência durante minha vida enquanto filha do rei do pop, porque a sensação é de que a conheço desde que eu existo. Da mesma forma que eu olho pro Michael e SEI das coisas, simplesmente SEI, eu também sempre soube, de formas misteriosas, quem era a Lisa verdadeiramente, seus sentimentos, pensamentos, mágoas. Em geral, eu conhecia o coração daquela mulher.

Mas claro, não vamo também dar uma de paranormal sensitiva e achar que eu a conhecia do nada. Lisa SEMPRE foi a pessoa mais transparente que eu conheço. Michael não era assim, com o Michael é questão de linhagem mesmo, conheço porque fui gerada naquele ventre. Ler a biografia confirmou cada fragmento de certeza que sempre tive. 

cada      um      deles.

Até a transparência e honestidade da Lisa foram retratadas no livro, confirmadas pela Riley, sua primogênita. Sempre tive asco de fã bestão do rei do pop que odiava a mulher de graça porque ela partiu o coração do alecrim. 

De todos os defeitos que eu tenho, ser cega pra quem eu amo não é um deles.

Conheço cada defeitinho podre e imaturo do meu pai, não passo pano pra ele mas também não deixo que falem mal, aí já é demais. Mas ela podia. 

Lisa podia tudo.

Esse post é uma homenagem a mim também, e a minha capacidade de enxergar exatamente quem ela é.

Que orgulho.

Quanta lágrima. Quanta dor.


Ao fim do livro eu não apenas choramingava, eu chorava FEIO. Não sei se foi o talento da Riley pra escrita, ou a minha capacidade irritante de me colocar na pele do outro, mas aquelas palavras me atingiram como se ela tivesse morrido ali, na minha frente, naquele mesmo momento. Como um pesadelo que se vive repetidas vezes.

A dor da Riley me atingiu de uma forma que eu não esperava porque, provavelmente, sou imbecil. Minha paranormalidade sensitiva não tinha material pra escanear minha quase irmã e me devolver informações. Mas as palavras dela sim. Que dor. 

O capítulo realmente dedicado ao Michael é apenas um, embora ele retorne posteriormente como o responsável pela Lisa saber dar gelo nas pessoas e tira-las de sua vida de uma forma tão competente: ela aprendeu com o melhor: mister Jackson.

Devo dizer que a Riley sempre foi a pessoa mais doce do mundo quando se tratava de falar do ex-padrasto, e no livro não poderia ter sido diferente. 

Tive medo? Tive. Como falei, não conseguia escanear a criatura, mas o medo se mostrou bobo, reflexo de uma vida amedrontada com tudo que diz respeito a Michael Jackson.

Que delícia que foi ler o cotidiano daquela breve família. Que delícia querer dar um murrão na cara dele pra ver se ele acordava e se tornava um marido melhor.


Mas tudo bem, sabemos que ele foi o melhor que pôde. Ela soube, eventualmente, é o que importa.

Danny Keough você é um anjo. E bonito. Como pode, né?

Acredito que Deus fez a Lisa encontrar a alma gêmea dela nessa vida pra compensar a avalanche de tragédia que circundava aquela existência. Danny é uma pessoa como nenhuma outra. Que família linda eles criaram que depois o Maicon veio talaricar kkkkkkk.




Eu, particularmente, tenho um amor muito grande pelas imagens deles após o divórcio. Nunca entendi porque sempre focavam no fato de que o casamento havia durado "apenas" dois anos, mas não mencionavam o fato de que eles continuaram pra cima e pra baixo juntos, mesmo um não estando puto com o outro e não confiando mais no ex-atual-ex-parceiro(a). 


A Riley descreveu de uma forma trágica e bonita o término deles. Comparou a Romeu e Julieta, "o veneno bebido por engano", quando ela, ao ouvir rumores de que ele pediria o divórcio, foi lá e pediu primeiro. 

O plot twist? Ele nunca pediria o divórcio.

Uma pena. Mas ou terminava ou eles se matavam, eu creio, e eu sei do que falo. A única chance de viverem felizes para sempre seria se realmente abandonassem as carreiras e se mudassem pra Xique-Xique Bahia. Fora isso, é interferência demais, gente demais, remédio demais, vida de menos.

Triste. Bonito e triste.

Devem estar de boa agora. Eu escolhi acreditar.


E por mais que eu tivesse criado toda essa expectativa com relação ao meu pai e o modo como ela iria deixar claro de uma vez por todas que o casamento deles foi de verdade, o que mais me pegou nesse livro foi a relação da Lisa com o seu pai.

Era mei doente? Era - disse a que chama o rei do pop de pai -, mas quem não é doente hoje em dia? 



Eu não tenho nem como começar a falar sobre o que foi a criação dela, ou a devoção que o Elvis tinha pela filha, e como essa devoção era completamente mútua. Sua vida em Graceland, o modo como era o capeta em forma de gente porque ela podia, e as pouquíssimas mas marcantes repreensões que recebeu de seu pai que a moldaram como uma grande rebelde com espírito de pirata, como ela mesma dizia.

Ninguém deveria ter que vivenciar a morte do pai como ela, aos 9 anos. Muito menos a morte do filho que mais adorava. Não me refiro a amar, ela ama todos infinitamente, uma leoa em forma de mãe. Mas adoração ela tinha pelo Benjamin. Tem. Sempre vai ter. 


Alguma parte minha acha que ela acreditava que o Ben fosse a mesma alma do pai dela. Falta fontes sobre essa afirmação, é só eu paranormal sensitiva.

A família toda tinha devoção uns pelos outros, Riley e Ben são dois irmãos que se adoravam de uma forma que eu não lembro de ver por aí (não saio de casa também).


Eu já me perdi novamente.

    Lisa e Elvis. 

Perder o pai foi mais que perder uma figura paterna. Lisa nunca mais conseguiu se sentir segura novamente. Ela chega a dizer que o Michael foi a figura mais próxima do pai dela que ela conseguiu vivenciar, mas não era o pai dela. 

Descobrir que até o último dia de vida, em seus piores momentos, ela ia com os 4 filhos pra Graceland dormir na cama do pai foi um negócio que me partiu ainda mais o coração.

Elvis, definitivamente, não morreu. Não pra aquela família.

E conforme eu lia, me senti meio envergonhada por "ai espero que o Michael vá receber ela quando ela chegar no portão do céu", porque, PELO AMOR DE DEUS, ele que se recolha a sua insignificância de marido nº 2 e espere.

Eu gosto de imaginar, e espero estar muito certa com essa info que eu criei, que quem estava lá com ela quando ela foi embora daqui eram seu pai e seu filho. Que todos fiquem bem de seus vícios e possam seguir, seja lá pra onde a gente segue, e eles consigam acompanhar as meninas que ficaram.


Eu não consigo parar de falar sobre esse livro, então é melhor que eu finalize por aqui.

É bizarro que grande parte dessas pessoas não estejam mais aqui. Estranho esse negócio de foto, mas que bom que existe.

Meu amor pela Lisa é gigante e eu nem sei bem o porquê. De verdade. Lá por 2005 não tinha uma alma pra gostar dessa mulher perto de mim, mas meu coração sempre derreteu por ela. Eu tinha, lá no fundo, uma esperança de ir num show dela, porque a bicha era low profile, talvez viesse pro teatro dona Amélia aqui no SESC. 

Essa parte é brincadeira, mas eu realmente achei que daria pra eu ir um dia, talvez conhecer. Tinha até feito um script no qual eu sequer mencionaria o marido nº 2, e olha que é difícil, mas eu tinha batido o pé. Respeito que chama. 

Eu só queria dar um abraço nessa senhora. Era tudo.


Alguém falou que a Lisa só aceitaria vir na terra como uma realeza.

Vamos esperar que o próximo reinado seja mais gentil, então.



Te amo, Lisa.


"Levou toda minha vida
Para finalmente descobrir
Que eu não estou no clima
Para ser que nem você
Talvez esteja tudo bem
E talvez não
Eu conduzirei meu coro
Eu vou dar um jeito"

I'll figure it out - Lisa Marie Presley


"Ei cara, o que diabos nós sabemos?
A gente erra depois a gente acerta
Quem quer que esteja comandando o espetáculo
Há uma coisa que eu preciso saber
Você poderia suavizar os golpes?"

Soften the blows - Lisa Marie Presley

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

A saudade se esconde nas madrugadas


A saudade se esconde nas madrugadas

Em cada brecha do meu cérebro ocioso de preocupações rotineiras

Se esconde em auto afirmações de superação e é óbvio que eu estou melhor agora, enquanto minha amiga me olha feliz e aliviada.

A saudade se esconde em cada página virada do calendário, nos fogos de ano novo, no sopro da vela em cima do bolo, num post engraçado que ele adoraria ver

Como se tivesse a planta da minha existência e conhecesse a arquitetura muito de perto, a saudade se esconde e sempre me pega de surpresa, no fim de dias bons e noites ruins

A saudade, outrora tão barulhenta, espaçosa e  inegociável, me enganou com seu silêncio.

Me deixou sorrir, me deixou dormir.

Se fez tão delicada que pensei que o normal fosse assim e aqui estava eu novamente, ilesa.

Mas a saudade se esconde. Apanhei os cacos, mas sobraram emendas.

E aqui vou eu, noite adentro nos braços dela. A saudade se esconde nas madrugadas e carrega o meu amor até o nascer de um novo dia.

Até o reencontro.



"Isso vem e vai em ondas,

Eu sou deixado para perguntar por que"


Comes and goes (in waves) - Greg Laswell

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Won't you tell me what the Wise Men said?


Quando eu for mais sábia eu vou entender.

Hoje eu ainda não consigo, ainda deixo que a falta de compreensão entre no meu coração e me machuque. E deixar que isso aconteça é me permitir me machucar. É eu me machucar.

Mas quando eu for mais sábia eu vou entender.

...

Há 15 anos eu comecei aqui me sentindo uma criança. 

Muita coisa mudou, menos isso.

...

Eu sei que me é pedido paciência, mas ainda falho. Não tento, porque tentar não existe, eu só não faço ainda. 

Passei muito tempo tentando buscar formas de justificar que é possível acordar em grupo, mas não é. Todas as vezes eu me deparei com a solidão do desperto, e todas as vezes eu percebi que não existe um despertar, existem vários, e mesmo quando eu acho que já tô bem esperta, eu sigo dormindo.

O caminho do eremita é ele e sua lanterna, e não há exceções. Mas há escolha. Ser um é uma escolha.

...

Divido meus dias entre a lanterna que acende na minha cabeça quando entendo algo que não sabia antes, e a lamparina véa fraca que seguro em frente ao espelho nas noites em que não me reconheço e a única claridade é o quão claro é a minha insignificância e burrice. 

E quando me sinto inteligente, é em comparação ao que eu consigo ver, e o que eu consigo ver é ínfimo e limitado, como a minha inteligência, que me faz sentir melhor em dias bons; como a minha inteligência, que me coloca no meu lugar e me faz me sentir uma merda que só aduba quem eu fui, mas não faz crescer quem eu quero ser; quem eu algum lugar eu já sou.

E aqui tô eu escolhendo viver onde eu sou quem ainda não sou.

...

Que Tudo-Que-Há me ajude a ter paciência com essa temporada da minha existência, e que eu saiba utilizar a ajuda e o suporte incondicional das leis que regem esse lugar pra parar de me sentir um nada. Não que eu não seja, porque eu sou, eu sempre sou o que disser que sou. Que eu diga outra coisa, então.


"Quando você estiver se sentindo triste, eu lhe enviarei músicas para cantar
Se a enchente te puxar para baixo, a minha mão você pode se agarrar
E se você adoecer, eu cuidarei de você para que recupere a saúde
Mas querida, eu não posso te salvar de você mesmo
Eu não posso te salvar"
I can't save you - Tim Minchin

quinta-feira, 8 de junho de 2023

it’s time to go



Aquilo que a Lana disse ecoa na minha cabeça dia e noite.

Às vezes esqueço e vivo meus dias desatenta pro que me dói (melhor assim);

Às vezes eu só não consigo.

Hoje eu não consigo.

Cada lágrima que cai conta uma história de amor, um amor tão grande que torna o virar as costas algo elegantemente sofrido. 

Abandonar o que só te faz mal é libertador. Tem várias músicas sobre isso, e postagens no Instagram também.

Tem pouquinha coisa sobre abandonar o que você ama muito, o que só te faz bem mas que você entende que chegou a sua vez de virar as costas e ir.

A sua luz foi ofuscada pelas outras e já não serve mais pra ninguém aqui, trata-se da luminosidade de um pequeno isqueiro no meio de tantas supernovas.

E você já tem uma certa idade, chorar muito assim fica até feio.

Quisera eu ter uma explicação plausível pra dor que carrego nos meus dois olhos e um pouco atrás do meu pescoço.

Não tenho.

Quisera eu ser mais esperta pra caminhar por esse mundo, mas Deus me fez assim pra ter um pouco do que rir.

Tenho comigo um monte de gente que aposta todas as fichas nessa bagunça esquecida por Deus. Gostaria de poder reembolsa-los mas não vim com nenhum crédito.

Quando a graça acabar, espero que eu ainda sirva pra alguma coisa.



“Quando todas as estrelas são brilhantes

Mais brilhantes do que você é, é hora de ir embora

E você é a única que restou

Dançando enquanto eles estão no chão

Hora de ir embora“

Paris, Texas - Lana del Rey

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Sometimes, heaven can't wait



Eu não entendo bem oque tô sentindo agora, não choro a morte de uma celebridade há muito tempo, mas algo na partida da Lisa me remete a perder o Michael de novo, mesmo sabendo que não é possível. Eu certamente não esperava isso, sequer passava pela minha cabeça estar aqui escrevendo algo do tipo.

Ter ela aqui era uma segurança de alguém que, não só conhecia o Michael de verdade, como também o amava de verdade, e cujo amor era completamente recíproco. 

Sempre estive atenta pra o modo como a Lisa se expressava (e como se expressava bem!).Como defendia como leoa as pessoas que amava, mais do que era capaz de defender a si própria. Quando se tratava dela, acabava deixando de lado. Vivia por todo mundo, pelo pai, pelos filhos e, sem querer soar tendenciosa, viveu muito pelo amor que tem pelo Michael e pelos erros cometidos (principalmente do lado dele).

Lisa sempre foi filha de alguém, esposa de alguém, mãe de alguém - coisa que ela fazia com muita alegria, por sinal, mas que carrega o fardo do desperdício consigo, porque Lisa é uma excelente compositora. Story teller, como chamam. Eu sou muito grata por ter tido a oportunidade de ouvir o que ela tinha a dizer, e nos últimos nos, eu desejei TANTO que ela dissesse mais, que se expressasse mais... mas Lisa tinha morrido mais uma vez, junto com seu filho. 

Lisa morreu tantas mortes em uma só vida que eu acreditava que ela fosse, de alguma forma, imortal. "Invincible", como um de seus amores. Mas não era, e talvez a perda do Benjamin tenha sido o golpe que faltava pra parar um coração tão grande, tão vulnerável. 

Lisa viveu pra ver a cinebiografia tão sonhada sobre a vida de seu pai, e também a sua. Elvis - o filme, acaba por ser uma homenagem a ela também. É a sua primeira perda ali. Tem muito mais a ser contado, mas ela já contou, basta ouvir tudo que ela nos disse.

Hoje eu sinto muito, muitíssimo, pela Riley, pela Finley e pela Harper. Riley, que estreia Daisy Jones and the six logo em março, no auge da sua carreira, tendo sobrevivido a perda do irmão, ser atingida por um terremoto desses. Eu sinto muito! Como disse seu querido amigo, John Travolta: "Lisa, baby girl, I'M SO SORRY!" Todos nós sentimos, John.

Algo dentro de mim achava que a Lisa pudesse sair dessa por suas filhas, como se houvesse qualquer lógica nas aleatoriedades da vida (o próprio Michael deixou 3, 4 se contar comigo). Mas se houver, Lisa precisou ir. 

Seu último álbum se chamava Storm and Grace, homenagem a Ben, cuja faixa título é uma carta de amor a complexidade desse filho. Benjamin Storm. É injusto dizer que era o filho que ela mais gostava, mas quando ouvimos o que ela tem a dizer, entendemos a sua preocupação.

Passado meu choque e a enxugando a maior parte dessas lágrimas, eu caio na crença "Viva-a vida é uma festa", de que, enquanto eu lembrar dela, ela sempre vai estar aqui. 

E que agora ela está lá, e que talvez seja recebida por rostos conhecidos, e que consiga, de alguma forma, confortar as suas meninas.

E nas palavras dela, eu finalizo com um de seus pedidos, muito antes da ida do Ben:


Hey man what in the hell do we know? 

We strike out and then we strike gold

Whoever is running the show, there's one thing that I need to know:

Could you soften the blows?


Eu te amo pra sempre, Lisa. 


Fiquem todos bem. Todo o meu amor, pensamento e coração à vida de cada um de vocês, onde quer que se encontrem nesse ou em outros universos. Deus queira que pegue internet por aí.

Eu os amo pra sempre.


quinta-feira, 5 de maio de 2022

Às vozes


 

 

As vozes na minha cabeça dizem coisas que eu não quero ouvir

Às vezes dizem coisas que eu nunca sequer pensei

As vozes na minha cabeça fazem de tudo pra que eu desista e jogue a culpa do que me aconteceu no outro, pra que eu me proteja o máximo possível, pra que eu não sofra depois

Não entendem que não há necessidade de me proteger mais, eu não tô correndo nenhum perigo

Não tem nada sério acontecendo aqui, é só a minha vida e é simples, foi feita pra ser simples

Talvez não fácil, mas simples

Eu não tô correndo nenhum perigo.

As vozes da minha cabeça não são minhas inimigas, elas só não sabem o que eu sei, se soubessem, calariam.

Por amor, elas falam o que falam, me mostram a face mais feia de todo mundo e inventam que aqui é cruel demais pra uma pessoa que nem eu

Por amor, elas tentam me arrastar na lama e dizem que se eu ficar por aqui mesmo não tem mais pra onde cair

Por amor, elas tentam me amarrar onde eu tô pra que eu não corra o risco de ir longe demais e esquecer o caminho de volta pra casa

Elas não entendem que nada me pode ser negado, a menos que eu primeiro negue a mim mesma.

E tudo bem, porque eu também não entendia.

Ainda há dias em que as vozes ficam altas e se fazem inteligíveis pra mim, dias como hoje. Então fiz o que de melhor eu poderia, numa situação dessas, e dei a elas algumas frases dedicadas nesse blog perdido em alguma nuvem. 

É o máximo que eu posso oferecer agora, uma vez que eu sigo as amando, pelo incrível amor que elas tem por mim, mas não posso mais deixar que me protejam.

Não há perigo aqui.



"Mas se você é tão esperto
Me diga por que ainda tem tanto medo?"

 

VIENNA - BILLY JOEL

 

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

New starts


 

É isso que diz na capa do meu caderno novo e chique e caro.

Caderno que comprei pra escrever tudo que guardo dentro de mim, e que, por algum motivo, segue vazio.

Eu não sei bem o motivo de ter comprado um caderno nos dias de hoje. Talvez eu precisasse ver e tocar em alguma coisa que pudesse transformar o subjetivo num negócio concreto. Mas nunca é nem nunca vai ser.

Eu me recupero hoje daquela morte horrorosa que sofri durante os últimos oito anos. 

Me recupero?

Não sei bem.

Eu nunca senti que nada disso fosse pra mim, e nas poucas vezes em que senti, não era mesmo.

Tenho medo.

Sou medrosa

Com pequenos rompantes de impulso juvenil que só um mapa astral bem doido consegue proporcionar.

Mas sou medrosa.

Luto todos os dias contra a imensa vontade que tenho de me esconder novamente e contra a sensação de achar que eu nunca deveria ter saído da minha concha.

Mas aqui estou eu, com a cara no sol.

Me queimei, claro.

Não tem nenhuma grande lição aqui. 




"Eu ainda estou naquela corda bamba
Ainda estou tentando de tudo para você rir pra mim
Eu ainda acredito, mas não sei por quê
Eu nunca fui boa nisso, tudo o que faço é tentar, tentar, tentar"

 

Mirroball - Taylor Swift

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

A vida que flui em você



 A vida que flui em você reverbera em mim

As pegadas que você deixou acomodam as minhas

E tudo que você tocou, eu toquei também


A vida que flui em você reverbera em mim

Tudo que  você sente já foi sentido

E tudo que você fala já foi ouvido

Quando você anda, eu movimento

E quando você chora, eu silencio


A vida que flui em você reverbera em mim

O vento que passa por mim balançou os seus cabelos

Ao final de cada uma de suas preces, eu digo amém


Dos astros que iluminam o céu noturno

Você nunca é o sol

E você sempre é o sol

E eu posso queimar ou brilhar diante de você

E você pode queimar ou brilhar diante de mim

Mas se a gente se olhar, é capaz de cegar

Então cerramos os olhos e seguimos em paralelo

Porque a vida que flui em você, reverbera em mim.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Sem


Acabei de ver que tem postagem de 2016 na primeira página do meu blog.
Que vergonha. Infelizmente emudeci bastante.
Não aqui dentro, mas aqui nessa página e em outras que dá pra amassar.
O tempo do adulto é limitado a uma deitada na cama e um videozin no youtube antes de dormir.
Não escrevo mais porra nenhuma
Exceto aqui dentro, onde as palavras se formam que é uma beleza, mas o olho pesa e a gente deita e dorme. Ou vai ver netflix.
Eu me desconectei de mim mesma verbalmente
Eu já tô sem tempo de novo.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Acabando


Esse ano tive diversas perdas que jamais tive antes.
É o começo do fim, de coisas que acontecem quando vocês se dispõe a vir pra cá.
Acontece com todo mundo, claro que nunca iria acontecer comigo - pensei.
Me encontro em outro emprego, com outro cabelo, outro pensamento, mas com meu coração no mesmo lugar de sempre.
Pouca coisa mudou muito embora tudo tenha mudado.
A gente segue o fluxo de ser como nossos pais, mesmo abraçando a rebeldia da recusa.
Eu estou feliz, porque tenho amor na minha vida.
Mesmo quando vai embora, talvez ainda seja amor e nunca pare de ser.
Ninguém faz cerimônia pra colocar o amor num buraco e jogar terra em cima depois, então, pra todos os efeitos, ele vive.
Te amo, vovó. Te amo, Cauã.


"O dia em que você foi embora
Foi o dia em que eu percebi
Que nada mais seria igual"


Slipped away - Avril Lavigne