domingo, 5 de agosto de 2012

A more honest place to be


E às vezes eu ainda penso em dizer: "mas você não sabe como é!", e logo em seguida eu percebo o quão inútil seria.
A verdade é que eu gostaria de dizer: "Eu queria que você pudesse ver o que eu vejo", e mesmo assim, a certeza do pensamento nunca existiria.
Eu olho pra cada uma dessas paredes pálidas ao meu redor. Olho como se fosse a primeira vez. Olho como se tudo se resumisse a isso. Tudo parecia bem menor da última vez que eu estive aqui. Talvez eu tenha encolhido, afinal de contas.
Quanta raiva eu tenho do barulho lá fora.
É insuportável. O barulho me obriga a ver tudo o que eu deixei do lado de fora dessas paredes, e eu não gosto - eu odeio. Odeio que a vida ainda esteja aí pra ser vivida, mesmo que não exista pra mim.
E eu sei o que me perguntariam, se algum dia alguém viesse falar comigo: "Por que você não abre a porta e sai?".
Não fui eu que me coloquei aqui, disso você pode ter certeza, estranhoemalgumlugar.
Eu nasci com características cruéis de serem herdadas, jamais apta pra sobrevivência nesse lugar.
Aprendi a conviver bem com tudo o que me faltava, até o dia em que eu percebi que não seria o suficiente. Tudo o que eu fiz, toda a parte de mim que eu me permiti abrir mão pra tentar ser aceita já não adiantava mais. Não seria boa o suficiente.
O resto da história é bem fácil de deduzir.
Quatro paredes.
Quatro paredes e uma esperança sobre-humana de ter de volta quem eu era antes de ter tentado crescer.
Quatro paredes e um cansaço nunca antes visto por alguém aos 21.
Eu olho pra minha lista no skoob, orangotag, filmow e toda porcaria tecnológica que quantifica as obras lidas e assistidas durante a minha vida, e no último mês eu devo ter batido algum recorde. Tentativas frustradas de achar minha história em algum lugar, e, quem sabe, me sentir um pouquinho menos só.
Deitada. Com todas as listas cheias e um coração vazio. Murcho, pra falar a verdade.
Murcho como uma laranja que teve o seu sumo extraído.
Já nem tenho raiva mais. Já nem escuto o barulho lá fora.
As festas, os fogos.
Me sinto neutra.
Eu finalmente aprendi que não posso esperar lealdade das pessoas.
Aparentemente elas tem várias coisas a oferecer, mas lealdade não é uma delas.
Infelizmente é tudo o que eu mais valorizo.
Aprender não significa o fim da dor ou da mágoa. Significa assimilar os fatos e só.
Mas eu realmente já não me importo com o barulho.
As festas, os fogos.
Eu rezo.
Eu rezo, mesmo sem fé - o que me faz pensar que isso seja uma prova de fé por si só, só não sei em quê.
Fé em mim, em Deus, no futuro, no acaso.
Eu rezo pra que um dia faça sentido.
Pra que não tenha sido em vão.
Pra que as paredes me ensinem mais do que eu poderia aprender lá fora.
Pra que a solidão não doa mais.


I still love the people I’ve loved, even if I cross the street to avoid them.
Uma Thurman

2 milagres:

Unknown disse...

Fica meio clichê, mas faço das suas as minhas palavras!

"Eu finalmente aprendi que não posso esperar lealdade das pessoas.
Aparentemente elas tem várias coisas a oferecer, mas lealdade não é uma delas.
Infelizmente é tudo o que eu mais valorizo.
Aprender não significa o fim da dor ou da mágoa. Significa assimilar os fatos e só."

Oh, don't you feel so small.Dark is the night for all - A-ha

Autora inútil disse...

obrigada.