domingo, 15 de fevereiro de 2009

Antes do anoitecer

Sempre depois de cada crepúsculo
Eu me pergunto até quando eu vou manter essa farça..
Até quando eu vou continuar me enganando?
Tentando me forçar a acreditar no meu final feliz
No dia da redenção?
Até quando?
Já tá mais do que na hora de eu entender que nem tudo é como eu quero
Na verdade, nada é como eu quero
Tá mais do que na hora de eu entender que, uma vez longe, nunca perto
Nunca.
Nunca mais.
A vida te tira um monte de coisas e depois te dá um sorvete pra te entreter
Mas há muito o meu derreteu, e eu já não tenho vontade de tomá-lo
E tudo é uma porcaria nessa altura do dia
Quando a noite é mais escura e o vento machuca todas as partes do meu ser
Ao cair, as gotas de chuva parecem cantar a mesma triste melodia
Coisas tão assustadoramente dolorosas que não existem meios possíveis de expressar
E eu sinto que pra sempre vou carregar isso dentro de mim
Algo que é impossivel de ser compartilhado
Compreendido...
Algo que com o tempo só aumenta a dor
É tão confusamente inevitável...
Como se doesse todas as partes de mim, sempre ao cair da noite
A cada troca de estação
A cada monção
E isso é tão meu!
Talvez a única coisa que eu tenho plena certeza de possuir
Esse vazio que eu carrego dentro de mim
Algo pelo qual eu poderia passar o resto da minha existência falando
Sem nem ao menos ser possivel a sua descrição
Mas é meu.
Minha dor.
Meu vazio.
E depois de todo esse tempo
Tudo que eu posso fazer é suportar a dor que perfura minha alma
Como explicar algo assim?
E essa é mais uma certeza da eterna solidão do ser humano
No fim, é só a gente mesmo
Minha dor doída, uma dor só minha
Sem porque, sem pra quê, só dói por doer
Como a certeza de que o amanhecer vem a cada anoitecer
Levando embora meus segredos que ferem
Até o próximo crepúsculo.


"Se fosse só sentir saudade
Mas tem algo mais
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar..."


Angra dos reis - Legião urbana

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